quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Mercosul

O QUE É O MERCOSUL

Desde 1º de janeiro de 1995, Argentina, Brasil Paraguai e Uruguai, os países
membros do Mercosul (Mercado Comum do Sul),      passam a cobrar tarifas
idênticas nas suas importações. A TEC (Tarifa Externa Comum) abrange
85% dos produtos negociados. Os 15% restantes terão um prazo maior de
adaptação (variando de 2001 a 2006).
Em 1995, estes países formaram uma união aduaneira com quase 190
milhões de consumidores potenciais e um PIB (Produto Interno Bruto) total
de mais de meio trilhão de dólares  terão 12 anos para dar o passo seguinte:
construir um mercado comum e, ao mesmo tempo, conquistar a estabilidade
econômica e superar o subdesenvolvimento social.
Ao contrário das experiências anteriores, desta vez a integração deixou os
gabinetes e consolidou-se com negócios. Mais de 300 empresas brasileiras
estão investindo na Argentina e o comércio regional deu um salto de 34% ao
ano desde 1990. O Mercosul pode mudar o mapa da América do Sul.


Seus países são:

BRASIL



Nome Oficial: República Federativa do Brasil
Capital: Brasília
Área:8.511.965 Km2
População:149,2 milhões
Língua: Português
Divisão administrativa:26 estados e o distrito federal
Renda per capta: US$2.770
Moeda: Real
Regime de governo: Presidencialista

ARGENTINA

Nome Oficial: República Argentina
Capital: Buenos Aires
Área:2.766.889 Km2
População:33,1 milhões
Língua: Espanhol
Divisão administrativa:22 províncias, 1 distrito e o território da terra do
fogo.
Renda per capta: US$6.050
Moeda: Peso
Regime de governo: Presidencialista



URUGUAI

Nome Oficial: República Oriental do Uruguai
Capital: Montevidéu
Área:176.224 Km2
População:3,1 milhões
Língua: Espanhol
Divisão administrativa:19 departamentos
Renda per capta: US$3.340
Moeda: Peso Uruguaio
Regime de governo: Presidencialista

PARAGUAI

Nome Oficial: República do Paraguai
Capital: Assunção
Área:406.752 Km2
População:4,5 milhões
Língua: Espanhol e Guarani
Divisão administrativa:19 departamentos e um distrito federal
Renda per capta: US$1.380
Moeda: Guarani
Regime de governo: Presidencialista

A função da união entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai - o Mercosul
tem como objetivo melhorar as economias dos mesmos com uma aliança.
Alem de poderem contar com o apoio destes países o intercâmbio de
produtos, culturas e raças esta sendo muito importante para suas
independências, pois ainda são colônias de si mesmas. Apesar de todos as
diferenças entre estes países o Mercosul como a globalização ele está em
pleno vigor.


  Fonte: Folha de S.Paulo - 18 de dezembro de 1994, caderno MERCOSUL

Palavras do presidente da República,
                   Fernando Henrique Cardoso.

     A Reunião e você.| Por que o Ceará? | Vale a pena visitar.| Fale com a gente.| Página anterior.

                      Discurso do presidente da República,
                        Fernando Henrique Cardoso, na
                XI Reunião do Conselho do Mercosul - Fortaleza-CE


             Senhores Presidentes e companheiros da Argentina, do Paraguai, do
        Uruguai,
             Senhores chanceleres,
             Senhores ministros,
             Senhoras e senhores,
             Em primeiro lugar, eu quero expressar a satisfação do povo e do
        governo do Brasil pela presença do presidente Carlos Menem, do presidente
        Juio Sanguinetti, Juan Carlos Wasmosy, aqui entre nós, em Fortaleza,
        aguardando a presença dos presidentes do Chile e da Bolívia que, em breve, se
        juntarão a nós. E essa satisfação hoje é redobrada. Primeiro, por estarmos
        juntos numa reunião de consolidação do Mercosul. Segundo, por estarmos no
        Brasil mas, muito especialmente, por estarmos aqui em Fortaleza, uma cidade
        do Nordeste do Brasil.
             Era nosso empenho, e eu tenho certeza que é o empenho de todos os
        senhores presidentes que nos visitam de, simbolicamente, demonstrar com a
        nossa presença, aqui, numa região mais ao norte do Brasil, essa vocação
        integracionista do Mercosul. Dadas as dimensões do território do país, muitas
        vezes, quando se fala de Mercosul pode ficar a impressão de que se trata da
        integração da parte sul do Brasil. Nada mais distante do nosso pensamento do
        que isso. Na verdade, é uma integração do conjunto do país. E o fato de nós
        estarmos, hoje, aqui em Fortaleza, indica esta vontade de todo o país, de todo
        o Brasil, de estarmos juntos com o Mercosul.
             E há, também, alguns fatos importantes que eu creio que conviria
        manifestar nesse primeiro encontro, que é o de que, na verdade, houve um
        aumento muito grande das exportações desta região do Brasil para os países
        componentes do Mercosul. Contrariamente ao senso comum, na verdade,
        relativamente, o intercâmbio da Região Nordeste do país com os países do
        Mercosul cresceu mais depressa - é verdade que a partir de uma base menor,
        mas cresceu mais depressa, se multiplicou mais rapidamente do que o
        intercâmbio feito pelo conjunto do Brasil com os demais países do Mercosul.
             De modo que eu acho que é muito importante assinalar essa nossa
        presença, aqui em Fortaleza, e eu espero que os presidentes tenham gostado
        do encontro de ontem à noite. Sei que alguns gostaram tanto que foram a um
        forró, coisa que é vedada ao presidente da República do Brasil.
             Por outro lado eu queria, também, expressar a nossa satisfação pelo
        avanço que nós temos conseguido nos nossos encontros com o Mercosul. E
        creio que estamos chegando a uma fase em que já não basta chamar a atenção
        para os êxitos no que diz respeito ao fluxo de comércio, que é muito grande.
        Nós sabemos que passamos de um comércio de cerca de 5 bilhões, em 91,
        para 15 milhões, em 95, no conjunto dos países. É alguma coisa assim muito
        expressiva, realmente muito expressiva. E sabemos, também, que isso não se
        deu em detrimento do comércio da nossa região com outras regiões, porque
        passamos de 29 bilhões para 55 bilhões no conjunto do comércio internacional.
             De modo que não tem nenhum fundamento a idéia de que o Mercosul
        aumentou as trocas entre os países da região em detrimento das trocas globais.
        Não aconteceu isso. Houve um aumento significativo tanto das trocas no
        Mercosul com o resto do mundo, como das trocas internas ao Mercosul. Mas
        eu acho que isso nós já sabemos que é uma aquisição dos nossos povos.
        Agora, nós estamos partindo para dimensões, digamos, de maior profundidade
        na nossa integração. Refiro-me aos aspectos políticos e aos aspectos culturais e
        sociais. Os aspectos políticos, claramente. Nós temos hoje, indiscutivelmente,
        um compromisso comum dos países do Mercosul. Compromisso que se
        desenvolve com muita naturalidade, sem nenhuma afetação.
             Nós não precisamos estar reiterando a nossa vocação democrática,
        porque nós (...) estamos praticando, e isso é que é o mais importante. E
        praticando com naturalidade. E nós todos sabemos, aqui, o modo pelo qual os
        governos dos nossos quatro países compõem suas eventuais divergências. Da
        forma latino-americana, conversando. E se possível, com algum senso de
        humor.
             O presidente Menem e eu comentávamos que os nossos ministros das
        Finanças precisam rir um pouco mais, porque nós, presidentes, compomos as
        nossas diferenças de uma maneira mais alegre. Eu imagino que os ministros, não
        só das finanças, da área econômica em geral podiam seguir os exemplos
        presidenciais, porque vão chegar a composições mesmo, então vamos
        aproveitar e fazê-lo com alegria.
             Bom, isso, hoje, já é um dado da nossa relação de cordialidade, de
        amizade, mas nós estamos dando passos que vão além desse relacionamento
        de governos. Estamos dando passos importantes da integração cultural e na
        atenção a alguns aspectos sociais da integração.
             Aqui em Fortaleza, houve um encontro, e eu creio que se é a primeira
        vez que se faz um encontro desse tipo no âmbito do Mercosul, onde
        produtores de cultura, intelectuais dos nossos países estiveram juntos discutindo
        algo que vale a pena ressaltar, que é a nossa identidade. Nós temos as nossas
        identidades nacionais, elas não serão obscurecidas, mas nós começamos a ter,
        além delas, e para dar até relevo a elas, uma identidade do Mercosul, uma
        experiência cultural que começa a ser intercambiada de forma muito ativa,
        muito viva. E isso marca o povo.
             A nossa marca Mercosul, hoje, não se refere apenas ao fluxo
        comercial, aos investimentos que fazemos reciprocamente em nossos países,
        mas tem a ver também com a nossa sensibilidade, com o modo de refletir sobre
        nós próprios, a busca de fatores culturais que nos aproximam, e aproximam
        muito, e eu creio que isso se desenvolve, também, com muita força.
             Quero também mencionar, nessas palavras de boas-vindas e
        introdutórias, o aspecto que começa a ser de preocupação crescente nossa,
        positivamente, que é o fato de que nós estamos começando a lidar com
        questões de integração no plano social. A um entendimento que aqui se
        avançou bastante no que diz respeito a um código de defesa do consumidor.
             No mundo moderno é fundamental que nós prestemos atenção
        crescente ao consumidor, à defesa do consumidor, que é da pessoa, que é do
        cidadão.
             Nós adiantamos a discussão sobre as questões da previdência social,
        sobre os direitos trabalhistas. Nós vamos, progressivamente, organizando o
        marco jurídico. E, no momento oportuno, esse marco estará, com naturalidade,
        definido sem que nós precipitemos decisões que podem ter aspectos mais
        complexos relativos à soberania, que não é o caso de nós entrarmos nessas
        matérias, mas nós estamos sentindo que existe uma acomodação crescente no
        modo de ver as coisas, nos países do Mercosul.
             Por fim eu queria dizer que nós, os quatro países aqui reunidos, temos,
        como todos sabemos, muita ação comum. Ainda recentemente, em Cingapura,
        nós vimos que houve coincidência de pontos de vista, e é muito importante isso.
        Cingapura, de alguma maneira, é um indicador de que nós precisamos estar
        cada vez mais juntos, porque se nós não estivermos cada vez mais juntos,
        outros estarão definindo com mais presteza, com mais rapidez, o modo pelo
        qual o mundo vai se organizar e nós poderemos ter, eventualmente, prejuízos. E
        nós não queremos tê-los. E porque não queremos tê-los, nós queremos,
        precisamente, efetivamente, estar cada vez mais agindo em comum. Foi o que
        fizemos em Cingapura.
             Queria também lhes dizer que, nessa ocasião em que estou terminando
        a presidência pro-tempore, nós avançamos bastante no que diz respeito à
        vigência da nossa união aduaneira, construída a partir de Ouro Preto, e nós
        acrescentamos, agora, com a questão da Bolívia, além do Chile que vinha do
        outro semestre, nós estamos acrescentando algo muito significativo que são
        esses acordo de área de livre comércio e ampliando, por conseqüência, o raio
        de influência do Mercosul no nosso âmbito de América do Sul.
             Tudo isso se faz, só para repetir, mas eu gostaria de mencionar, sem
        que tenhamos como objetivo afastarmo-nos da integração hemisférica. A
        integração hemisférica é um compromisso. O compromisso assinado e
        assumido em Miami por todos nós será mantido e nós estamos nesse processo,
        qualificado de regionalismo aberto, preparando-nos para essa integração de
        uma maneira sólida e madura.
             Finalmente, senhores presidentes, senhores ministros, queria fazer
        referência a algo que tem um caráter simbólico: nós acabamos de descerrar
        uma placa, onde vimos que havia uma logomarca - não sabia nem que existia
        essa expressão em português -, a logomarca Mercosul, que aí está exposta.
        Este símbolo foi feito a partir de uma concorrência internacional, onde houve,
        não sei, centenas de... 1.300 candidatos, 1.300 propostas. Saiu vencedora a
        proposta que é de um artista argentino e, enfim, eu creio que foi muito feliz
        porque ela faz referência, é simples, Mercosul, existe aí o Cruzeiro do Sul. E o
        Cruzeiro do Sul, realmente, nos une. É alguma coisa que marca esse hemisfério
        e tem uma grande vantagem: é que o Cruzeiro do Sul é uma constelação infinita.
        Eu disse há pouco que ele tem uma geometria viável. Quantos mais países
        entrarem, mais estrelas haverá no Mercosul. A bandeira do Brasil já faz uma
        certa referência ao Cruzeiro, e que aqui nós fomos criando vários Estados, foi
        possível também ampliar as estrelas na nossa bandeira sem que isso
        desorganizasse o desenho e o simbolismo que nele existe. Aqui, essas quatro
        que aí estão e aquela que se destaca mais é por rodísio, depende da
        presidência pro-tempore. Daqui a pouco vai ser o Paraguai, aqui nós estamos
        dentro de um marco de irmandade e, dentro de pouco tempo, vamos ter mais
        algumas estrelas nessa marca Mercosul. E com essa facilidade extraordinária
        do português e do espanhol, é só trocar uma letra, o "l" pelo "r", e já se muda
        de idioma sem que ninguém perceba.
             De modo que eu acho que, realmente, essa logomarca foi muito bem
        achada e simboliza o nosso espírito de integração.
             Ao reiterar as boas-vindas, e o faço em nome de todos aqui presentes,
        àqueles que nos visitam, dou portanto por aberta essa sessão. (...) eu creio que
        estamos pouco a pouco nos acostumando.
             Ouviremos agora o embaixador Lampreia, nosso ministro das Relações
        Exteriores, que vai fazer um relato das atividades do Mercosul no período em
        que o Brasil exerceu a presidência pro-tempore.


 As consequências para o Mercosul

            Produtos maquiados pelo Paraguai e reexportados pelo país
            ingressam no Mercosul com todas as facilidades tarifárias
            permitidas aos sócios do bloco

            Entidades empresariais do Brasil, Argentina e Uruguai
            argumentam que sofrerão concorrência desleal, pois terão que
            competir com produtos estrangeiros maquiados pelo Paraguai

            O Grupo Mercado Comum, que reúne técnicos e diplomatas
            envolvidos nas negociações do Mercosul, está discutindo o
            assunto

            O Paraguai argumenta que a lei não fere o Tratado de Assunção
            (que deu forma legal ao Mercosul) porque respeitará os índices de
            nacionalização previstos nos acordos dentro do bloco econômico

            O governo paraguaio argumenta que a lei irá gerar empregos e
            acabar com a capacidade ociosa das empresas
REPORTAGEM:

                     Alca, um balanço

     Fonte: jornal Folha de São Paulo, caderno "Dinheiro", 18 de maio de 1997
por ALVARO ANTÔNIO ZINI JR., 44, que é Professor titular da Faculdade de Economia
                     e Administração da USP.

A reunião ministerial da ALCA termina sem que se tenha avançado muito na
criação da Área de Livre Comercio das Américas. Sob o ponto de vista das
metas estabelecidas, o resultado é frustrante: apenas tornou explícita a
divergência séria de agendas entre países como Estados Unidos e Canada e
os do Mercosul.
No entanto não cabe dizer que toda a reunido foi um fracasso. No caso
brasileiro, por exemplo, está servindo para induzir a um reexame necessário
da política comercial e ao questionamento de como elevar a competitividade
das exportações.
Um desdobramento positivo das preocupações causadas pela reunião de
Belo Horizonte e pelo projeto da Alca é ter tornado claro que parte das
nossas dificuldades deve-se ao atraso cambial. Como o senador José Serra
escreveu em artigo na Folha do dia 15, "lembre o leitor a abertura (comercial)
foi lançada no inicio dos anos 90, sob uma taxa de cambio efetiva (entrevista)
muito menos apreciada do que a prevalecente desde o segundo semestre de
1994". Seguramente, o senador sabe ao que se referia e conhece as
restrições que alguns setores do governo fazem a esta constatação.
Dois outros desdobramentos positivos da reunião foram a maior mobilização
do setor empresarial e a intensa atividade diplomática do Itamaraty para
apurar restrições que afetam negativamente as exportações do país. A
preocupação do empresariado com os desafios colocados pela Alca fizeram
com que entidades como a CNI e a CNA se dedicassem com muito mais
afinco no levantamento das suas pautas de interesse. Essa mobilização deixa
claro a necessidade de buscar superar os desafios em termos de
competitividade dos produtos, do "Custo Brasil" e da adequação da política
comercial.
Itamaraty por sua vez, pode consolidar a opção pelo fortalecimento do
Mercosul, tanto por sua dimensão econômica quanto política, e mostrar-se
ágil na definição de uma temática econômica de interesse da nação. Quanto
ao impasse com os Estados Unidos, não seria mesma possível
comprometer-se com uma nova roda de liberalização comercial, no curto
prazo, diante das dificuldades das contas externas. O saldo qualitativo da
reunião é a percepção mais clara de que o país precisa definir melhor seu
projeto de crescimento. Superada a etapa de vencer a hiperinflação, um
problema que era absolutamente prioritário, os desafios do presente são
outros: como crescer, como que recursos e buscando qual perfil social.
O caminho apontado é que as reformas da Constituição, as privatizações e as
mudanças na Previdência que possam aumentar a poupança irão resolver o
problema. Mas só isso, como está se vendo, não é suficiente.


REPORTAGEM:

                       MERCOSUL

                 As negociações estão abertas

            Fonte: Bolsa Internacional de negócios fev/abr - 1997

                     Certificação de produtos


Historicamente, o primeiro degrau rumo à integração entre os países é a
criação de uma zona livre de comércio, com a redução e eliminação de tarifas
alfandegárias. Exemplo desse tipo de tratado é o nafta, que gerou o livre
mercado entre México, Estados Unidos e Canadá, não existindo qualquer
compromisso com relação à circulação de pessoas e capitais, unificação
política.
O degrau seguinte para a efetiva integração é a união aduaneira. A União
Européia já atingiu este estágio, sendo que os países dela integrantes
importam de outros com as mesmas tarifas e atuam como bloco.
O Mercado Comum do Sul - Mercosul, foi criado em 1991 pelo Tratado
de Assunção com o objetivo implantar a livre circulação de bens, serviços e
fatores produtivos; coordenação de posições conjuntas em foros
internacionais; coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais e
harmonização das legislações nacionais, para uma maior integração entre
Argentina, Brasil, Paraguai, e Uruguai, os países que formam o Mercosul.
Seguindo o que foi acordado no Tratado de Assunção, o Mercosul
estabeleceu-se em 31 de dezembro de1994. O prazo de três anos a partir da
assinatura do Tratado foi determinado para que os países pudessem criar
condições de harmonização entre si, no que se refere a legislação
mecanismos de solução de controvérsias, elaboração de listas de produtos
sujeitos à união aduaneira, eficácia internacional das judiciais.

                   O sucesso passo a passo

Quando foi implantado, em janeiro de 1995, o Mercosul causou uma série
de polêmicas. Grande parte dos empresários não acreditava em sua
viabilização e, principalmente, em sua continuidade. Aqueles que
acreditavam, diziam que o sucesso se daria somente nos segmentos de
alimentação e cultura. O ceticismo deu-se, provavelmente, porque outras
experiências já haviam sido tentadas, e não resultaram nada.
Hoje, passados dois anos, a realidade se mostra bem diferente. Somente
entre as pequenas e médias indústrias, duplicou durante o ano de1996, se
comparado com o ano anterior. Novas empresas foram abertas, empregos
foram gerados. Conquistou-se novos mercados, tecnologias modernas e,
principalmente, a credibilidade e igualdade de condições nas concorrências
internacionais.
"O mercado veio para ficar, diferentemente de outros tratados e acordos
tentados anteriormente, respeita a individualidade de cada país integrante. A
implantação do tratado foi muito bem pensada e, aqui no Brasil,
principalmente entre as pequenas e médias empresas, o primeiro ano foi de
assimilação, depois veio a sedimentação, agora, os negócios estão
começando a ser efetivados", explica Luís Álvaro da Siqueira Bastos,
Gerente de Negócios do Sebrae/SP.
Para os consumidores brasileiros, os resultados podem ser percebidos,
principalmente, nas prateleiras dos supermercados e nas lojas de
eletrodomésticos. O número de produtos importados ali existentes aumentou
sensivelmente. Já para os empresários brasileiros, foi um período
particularmente difícil. Quase que ao mesmo tempo da implantação do
Mercosul, nascia o Real a nova moeda do país. O pânico de ser mais um
plano econômico fadado ao fracasso impedia a tomada de quaisquer
iniciativas. Além disso, a ameaça da abertura de mercado trazia a
possibilidade do sucateamento da industria nacional.
O susto do real passou. A moeda está consolidada, os hábitos de consumo
de todos os brasileiros mudaram, o Mercosul foi assimilado, sedimentado,
começou a gerar os primeiros resultados e, agora, está alavancando negócios
a pleno vapor. O momento é de adequação, investir na produção e na mão
de obra especializada, adquirir novas tecnologias, rever custos e aumentar a
produtividade.
"O Mercosul também serviu para mostrar o quão empreendedores e ágeis
na assimilação de novas situações são os empresários brasileiros. Dentre os
países integrantes do Tratado, sem dúvida o Brasil tem as melhores empresas
e empresários melhores preparados. Mas nem sempre foi assim. Antes, não
havia compromisso com o preço, prazo ou entrega dos pedidos. As altas
taxas de inflação, a instabilidade econômica, a ciranda financeira, tornava os
empresários mais preocupados com as finanças do que com empresa
propriamente dita", diz Luís Álvaro de Siqueira Bastos, "As mudanças
ocorridas no país e no mundo e, especialmente, a implantação do Mercosul,
serviram como alerta aos nossos empresários que reagiram imediatamente,
adaptando-se as novas regras de mercado. Hoje estamos reconquistando a
credibilidade dos mercados internacionais", diz Luís Álvaro.



REPORTAGEM:

       ALCA e MERCOSUL estão em rota de colisão.

   Eventual uso, pelos EUA, da mão de obra barata mexicana pode
                  prejudicar a América do Sul.

                 Fonte: O estado de S.Paulo - 13.04.97

 Vários blocos comerciais surgiram, também, no continente americano (veja
  tabela 1 abaixo). O nafta (liderado pelos EUA) é responsável por 88% do
     PIB continental. O Mercosul (liderado pelo Brasil), o segundo em
 importância, tem menos de um décimo do peso do Nafta (8% do PIB total).
            Os outros têm pesos ainda menores. São eles:

     Aladi - Associação Latino-Americana de Integração;
     Pacto Andino - Grupo Andino;
     MCCA - Mercado Comum Centro-Americano;
     Caricom - Mercado comum do Caribe;
     G3 - Mercado firmado entre Colômbia, México e Venezuela.

Há razões propícias recentes para a proliferação desses acordos no
continente. A principal. A principal foi uma certa convergência entre as
polícias macroeconônicas dos países latino-americanos. Após o
conhecimento generalizado do que a estratégia de substituição das
importações havia se esgotado, adotaram-se programas de estabilização vem
sucedidos, reformas estruturais que visavam redefinir o papel do Estado e do
capital estrangeiro e um movimento feral de abertura comercial. A própria
Cepal recomendou, em 1994, aos países latino-americanos uma nova
concepção que chamou de "regionalismo aberto", como aponta Peter Schall
em La Position de Unión Europea frente a los Nuevos Processos de la
Integración en América Latina, em Contribuiciones de abril de 1996. É
dessa forma que são vistos os acordos de integração regional como o
Mercosul e o Nafta, uma vez que não houve discriminação contra terceiros
por meio de elevação das tarifas.
O nafta é um bloco regional gigantesco consistente e enérgico. A parceria
entre EUA e Canadá é fortemente complementar. A aliança mexicana é
histórica e tem óbvio conteúdo geopolítico. qualquer crise no México tem
impacto direto nos EUA, no mínimo por pressão adicional de imigração ilegal
que piora os índices sociais norte-americanos. O acordo consolida também
sua posição de fornecedor de mão-de-obra barata ao complexo industrial
norte-americano, além de tornar cativo seu interessante mercado interno. O
modelo de integração do Nafta cria zona de livre comércio restrita, com um
conjunto detalhado de regras de origem e acordos nas áreas de serviços,
investimentos, propriedades intelectual, normas trabalhistas e ambientais.

     Resultados práticos do MERCOSUL surpreendem

Já o Mercosul, consolidado na aliança Brasil-Argentina que responde por
97% do PIB de 93% do comércio regional, definiu uma união aduaneira que
privilegiou a política de tarifas comuns. Questões mais complexas de
integração foram deixadas de fora.
Os resultados práticos do Mercosul foram surpreendentes. Sua
implementação mais do que triplicou a troca entre os países membros,
elevando-o de US$3,9 bilhões em 1990 para US$12,4 bilhões em 1995,
com um crescimento de 212% (veja o gráfico abaixo). Perto de 60% desse
comércio está ocorrendo no setor infra-industrial, liderado pelas empresas
transacionais, que nele encontram um adequado colchão de proteção que
mais do que compensa o alto custo sistêmico da região.
Do lado das importações, o movimento intra-bloco aumentou de 15% (1990)
para 19% (1995) o que poderia levar a crer em regionalismo fechado. No
entanto, no mesmo período importações provenientes do Nafta no total do
Mercosul aumentou 150%, as da UE em 172% e as do Japão e NIC's em
281% (veja a tabela 2 abaixo). Diante desses números fica difícil argumentar
sobre protecionismo ou desvio de troca, como recentemente argumentou
Alexander Yeats. Além do mais, o crescimento das exportações totais do
Mercosul de 1990 a 1995 foi de 50%, e das importações totais do bloco foi
de 150%.
A tarifa média do Mercosul para manufaturas reduziu-se de 25% em 1990
para 12% em 1995. E essa liberalização com o exterior foi complementada
pela eliminação e redução de inúmeras barreiras tarifárias e não tarifárias. O
montante de investimentos que se dirigiu a região também aumentou
significativamente, e indústrias européias, americanas e asiáticas direcionavam
seus investimentos visando acesso a esse mercado através de núcleos de
produção local.
O risco de reversão desse fluxo aliás, deve ser uma das maiores
preocupações quanto à questão Alca. A drástica redução das tarifas de
importação de produtos norte-americanos e a prevalência de um custo de
produção (custo-país) ainda significativamente maior no Brasil e na Argentina
poderá direcionar parte significativa dos novos investimentos diretos para os
próprios EUA. Incorporando, quanto for o caso mão-de-obra barata
mexicana, esse país poderá facilmente se constituir em plataforma
exportadora para os grandes mercados da América do Sul inibindo
fortemente a condição de crescimento da base de produção local.

Tabela 1:

     O PESO DOS BLOCOS REGIONAIS NO CONTINENTE
                    Em US$ bilhões de 1990
                   BLOCOS
                                              PIB
                                                  PIB/Total
          NAFTA(Canadá, EUA e México)
                                             6.878
                                                    88%
   MERCOSUL(Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai)
                                              689
                                                     8%
 PACTO ANDINO(Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e
                  Venezuela)
                                              191
                                                     2%
     SAFTA(MERCOSUL + PACTO ANDINO)
                                              826
                                                    11%


                 Fonte: FMI, nov/96 Volta ao texto...

                          Tabela 2:

               IMPORTAÇÕES DO MERCOSUL
                        Em US$ bilhões
               ORIGEM
                          1990
                               1995
                                   CREC.95/90
             União Européia
                           7,2
                               19,6
                                      172%
                NAFTA
                           7,5
                               18,6
                                      150%
              MERCOSUL
                           4,0
                               12,7
                                      218%
                  Ásia
                           3,1
                               11,8
                                      281%
                 Outros
                           8,5
                               13,2
                                       55%
                 Total
                          30,3
                               75,9
                                      150%          

 

Texto gentilmente cedido por Palmiro Sartorelli Neto (palmiro@aguianet.com.br

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